terça-feira, 19 de julho de 2011

Testemunha de Acusação


Fazia tempo que eu gostaria de escrever sobre um filme de um de meus diretores favoritos, Billy Wilder, o mestre de todos os gêneros. Pois bem, aqui estou, e o filme sobre o qual falarei, Testemunha de Acusação (baseado em uma peça teatral de Agatha Christie), é considerado por mim um dos melhores filmes de tribunal já produzidos.

O filme começa mostrando o velho e mal humorado advogado Wilfrid Robarts, que acabara de sair do hospital, por ter sérios problemas do coração não lhe é permitido assumir causas mais sérias ou criminais, porém, ele não resiste e acaba defendendo Leonard Vole da acusação de assassinar uma viúva rica. A surpresa , no entanto, aparece quando ao invés de Christine Helm Vole, esposa de Leonard, depor à favor do marido, decide depor contra, como testemunha de acusação.

Quem não tem muita paciência e vai assistir ao filme, um conselho, segure-se, pois apesar do inicio um pouco entediante (os filmes de Wilder, com algumas exceções, costumam começar lentos, e depois não deixar-nos sair da frente da tela), posteriormente ele se revela incrível. Em alguns momentos pode parecer que o roteiro é cheio de falhas e desculpas esfarrapadas, porém ao final tudo se justifica e acontece reviravolta em cima de reviravolta. Somente um gênio do cinema como Wilder conseguiria chegar a tal ponto, alcançado por tão poucos filmes.

Deixe-me justificar tal admiração por Wilder. Com sua direção fantástica e talento para escrever boas histórias de todo tipo, desde comédias até dramas. Ele parece ter um talento especial de envolver seus espectadores e levava à sério o que fazia, afinal, não é todo cineasta que atinge 45 anos dedicados ao cinema. Uma curiosidade, quando questionado sobre as variações de gênero dos filmes que fazia, ele respondeu: “Fiz de tudo, fui roteirista, diretor... Mas fazer apenas um gênero de filme? Não como todo dia no mesmo restaurante”.

Voltando ao assunto principal, outra atração de Testemunha de Acusação são as atuações, Marlene Dietrich como a esposa traidora, Charles Laughton, magnífico como o rabugento advogado de defesa; e Tyrone Power, em seu ultimo papel no cinema (ele morreria pouco depois do fim das filmagens).

Na verdade, nem deveria esta falando tanto assim do filme, já que ao final há um pedido nos créditos de que os espectadores não revelem para amigos e família o final do filme; fecho minha boca aqui com um último pedido: Se possível vejam, vale à pena.